domingo, 6 de abril de 2008

Da Botânica da Alma (Decoração de Poesia Doméstica)


Tenho lírios abertos
sobre a minha mesa
alegre.
São surpresas
breves de dias desconhecidos.

Um segundo,
seguem-se dores
mundanas
- mendicância na minha alma
mansa.

Nesse segundo
me chamo o limite
ao inonimável.

Janelas abertas
juntam-se cortinas,
corta-se o vento
na violência do banal.

E eu me compro
em lírios brancos:
abordagem branda
de mentiras capitais.

Fossem as dores
do mundo
as dores das pétalas dele
pedaços meus
não partiriam
quando de mim
pétala desvio
o olhar de brancura.

Resta-me janela
ruidos de urbanidade,
calçadas sujas
- outras almas que
se sussurram na vida
a inércia da surra
dos dias.

E resta-me
a mim,
que me prefiro dormir
longe de mim,
Alma que almeja
afrescos de irrealidade:

Alma que põe,
lírios brancos sobre a mesa.

(Inexpressão de liberdade)

!

[10/02/2008]

2 comentários:

Unknown disse...

gostei muito. beijo!

Cecil disse...

Realmente, muito belo e incisivo. Soa um "craque" de coração que parte sobre a mesa onde estão os lírios... ecoa por toda a parte. Grande abraço.