segunda-feira, 19 de maio de 2008

Da Paulista com a Consolação - lembrança da borboleta Azul.

(versão dois - por favor, peço perdão pela primeira, ainda maaais amadora!)

Parada, esperando o ônibus. Cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Estou fisicamente cansada, e ainda é segunda-feira.
Acabei de ler uma frase interessante em uma modesta losinha, exposta na vitrine da venda subterrânea de livros que aflora nessa esquina. Alguma coisa meio assim "às vezes não se deve sacrificar o erro para não se sacrificar a verdade" - Goethe.
Gostei!
Nunca li um livro dele. Mas acho que se lesse, também gostaira, e por isso ele bem vale um citação - só porque me cativou essa frase. Só porque eu, querendo sono, querendo cama, não aguentava mais o barulho paulistano e vieram umas palavrinhas: uma bonita combinação de notas, uma melodia de São Paulo.
Penso que gostaria então de estar em casa. Não para os travesseiros, mas para o teclado do meu computador. Gostaria, para falar do Goethe que eu não conheço. Talvez me divertir um pouco fingindo a intelectualidade que não tenho.
Gostaria, também, porque olhando no nada nada os carros iluminados cortando o asfalto escuro, me lembro de uma cena: recente, delicada, bonita.. E azul - boa também para o tal teclado.

Final de semana. Enfim, descanso, praia! Banho de sal não era perspectiva das mais animadoras, o tempo ainda não tinha se decidido entre quente e frio. Vento, sim, só que com o céu bem limpo, bem limpo...
Andava de chilenos, cabelo desarrumado, camiseta velha. Na beira da estrada que vai paralela à linha do mar. Queria comprar um jornal numa dessas vendinhas, ler sentada na areia, e poder olhar pra água e ouvir mais alto o barulho dela indo e vindo quando me enchesse de pensar nas desgraças que se comunicam diariamente.
Ia olhando aquele monte de bonitas plantas nativas. Exuberantes?, não é a verdade do presente - dá pena pensar no que já se foi delas - mas a paisagem ainda não deixou de ser agradável.
Sei lá porque, olho para as minhas havaianas e para os dedos feios dos meus pés. E perto ali, vem uma surpresa.

Sempre gostei de borboletas. Em especial de uma azul. Um azul roial, meio furta cor, que tem um brilho meio verde, e parece meio claro e meio escuro ao mesmo tempo. E me aparece esse tom em asas bem ali, na frente do meu feio chinelo de borracha.
O que eu não sabia é que essa mesma borboleta, essa espécie de borboletas, quando fecha as asas é marrom, de parecer casca de árvore ou folha seca caída. Bonita de qualquer jeito, mas é a parte em cor viva que mais atrai (metáfora besta: mostramos o comum, e o que há de mais bonito surge na liberdade do vôo - perdoem a pieguice!).
Fiquei feliz em vê-la. Como se aquilo fosse um sinal dos deuses, uma dica do tipo "tranqüilize-se, aparecem borboletas azuis inesperadas" (porque eu sempre vejo as amarelinhas miudinhas, ou aquelas laranjinhas simpáticas, que vão cumprimentando as flores também laranjinhas do matinhos, cultivando uma delicadeza de diminutiovos).

...

Ah, a borboleta parecia machucada! Até os bicho bonitos se machucam! Isso me lembra que a dureza de todo dia arde até nas borboletas. Que são lindas mesmo sendo insetos, mesmo se já foram suculentas lagartas (que para muitos são uns seresinhos nojentos!).

Eu, borboleta, lagarta? O que há de nojo, o que há de belo (há qualquer coisa dos dois?)! Agrada-me de pensar nisso - foi assunto de uma crônica ruim, e ainda assim melhor que esta, que escrevi com quinze anos, e de que gosto muito. .
Assim como gostei de ler a frase do Goethe - podia ser de qualquer desconhecido aí, aliás, vale porque é uma boa frase. Ponto final.
Foi frase borboleta. E azul!, ainda que em ares litorâneos muito mais se faça azul. Aqui, São Paulo, pó, correria e barulho que não é música.
Mas tem vida que é música. Tem palavra que é música no cruzamento da Paulista com a Consolação. Tem memória de borboleta de cor viva que do outro lado é marrom, que é linda, e que se machuca.
Tem loucura e falta de senso crítico meus, suficientes para colocar isso em escrita. E assim se possibilita desejar boa noite ao mundo, concretizada a ainda presente vontade do ponto de ônibus. Posso enfim dar meu sorridente "oi" aos travesseiros.

Um comentário:

Mila disse...

tb nunca li nada do goethe, ja tive vontade, mas me faltou a opotunidade. sempre quis ler fausto, pq ja ouvi dizer q oscar wylde se inspirou nesse livri prs escrever dorian gray (meu livro preferido).

gostei muito do seu texto, n se critique tanto. auto-crítica é bom, sem divida q é, mas vc escreve bem...e pieguices, como vc diz, às vezes são inevitáveis...

vou linkar o blog no meu...aliás, me faça uma visita depois...n tenho uma boa escrita,mas tento fazer algo q preste...num estilo bem diferente do seu, como vc vai notar...

;)