domingo, 9 de dezembro de 2007

Para degustação

A TRAGÉDIA

NOITE
1ª PARTE

FAUSTO (Intranquilo, ele está sentado num alto mocho ao lado de sua escrivaninha. O quarto em que se acha é pequeno e abobadado)

Estudei ardentemente tanta filosofia,
direito e medicina
E infelizmente muita Teologia,
Tudo investiguei, com esforço e disciplina,
E assim me encontro eu, qual pobre tolo, agora
Tão sábio e tão instruído quanto fora um dia!
Primeiro fui assistente e em seguida doutor;
Dez anos ensinando; autêntico impostor
A subir e a descer por todos os lados
Estudantes à volta em mim sempre grudados
E chego ao fim de tudo ignorante em tudo!
Coração a ferver! Para que tanto estudo!
Não supero em saber os tolos e doutores,
Nem sei mais do que os Mestres, padres e escritores.
Dúvida? Escrúpulo? De tudo já dei cabo.
Não mais me assombra o Inferno, e nem mesmo o Diabo;
Fugiu todo o prazer da minha adolescência,
Não me interessa mais do Direito a ciência,
Nem a tarefa árdua de ensinar,
Aos homens converter e doutrinar.
Não ganhei dinheiro, quase não tenho nada,
Nem a glória do mundo e seus doces prazeres;
Por que viver como se fosse um cão!
Apego-me à magia. É uma salvação.
(...)

Fausto, de J. W. Goethe

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