terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Poema da Passagem (ou um poema frustrado)

A morte que não me chama
ao Tempo
negro felino
de amarelo observar.
Tão hoje vi teu retrato
que na tua vista
de agora, me vi passado.
Me declarei a ti
o que amei
e hoje a mim
me tenho acabado.
As suas mãos
não mais tatearão
velhas paredes de pedra
tão menos pedra
se fez meu sentir.
Quando que me lembro
que na sua partida
será parte a minha
ida, a não além
que eu não possa
ver agora.
E tanto que te choro
a tua ida
para mim sem hora
e tanto que me imploro
muralha azul
de fortaleza celeste!
Tanto que meu cantar
os acordes do fim...
Tanto que me fino
no teu fino sorriso
de não me saber
caber no teu peito
o que preciso.
Que já agora não pedi
nem perdi
a ardência embriagante
minha garganta arranhar.
Tão agora que tua ida
me move
a te aguardar
e saber que não virá.
Tanto que agora
a cauda me toca
os pés pasmos
- os olhos que não sei definir
se não em cor
a sua amarela mensagem,
que não me achei a mim
a minha passagem
do encontro que lacei
em largos tragos
da abstinência silenciosa
do teu curioso afago.
Se é o Tempo
ou você
que a ti tanto
me alucinei...
Se é mentir
dizer da sua boca
que tão longe
tanto a amei...
Se é fugir
que para onde ir
já me abandonei...
Que entre Arcadas
de anos lavados
nos levamos e paramos
longe
onde lenta tentativa
nos tenta levar.

Um comentário:

Dom Diego disse...

Inquietante... E preocupante!