sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Star Wars: uma nova abordagem

Louco e radical, chamar-me-ão aqueles que chegarem ao final deste texto. Entretanto, não é isso que me inibirá. Venho aqui expor o porquê do filme Star Wars ser um filminho fantástico. Ou, para os cinéfilos, uma analogia: um pequeno grande filme.

A começar por desmerecê-lo. Não passa de uma ficção-científica bobinha. Muitos efeitos especiais e nada mais. Não passa de uma grande jogada de marketing, afinal quais são as seqüências que tiveram sucesso no cinema? Quero dizer que como o filme começou da metade garantiu aos primeiros (parte 1, 2 e 3), pelo menos, o mesmo sucesso dos últimos. Se George Lucas os lançasse em ordem, o sucesso, muito provavelmente, decresceria, como nos mostra a história.

Claro que a história do filme é razoavelmente intrigante, contudo, é também maniqueísta e racista, o que a torna deplorável. Porém, prefiro não entrar nessas questões, pois há outros textos que já trataram o assunto.

Retomando, há os que dizem que não existia a tecnologia necessária para filmar as três primeiras partes, mas eu digo que também não havia para filmar os três primeiros lançados. Mesmo assim foram feitos. Posto isso, só me resta concluir: a seqüência escolhida foi uma grande jogada de marketing.

Também há os que dizem que o filme marcou uma revolução tecnológica no cinema. Eu concordo. Todavia, cinema não é, em si e para si, tecnologia. Muitos dos melhores filmes nasceram exatamente na lógica oposta, ou seja, com baixo orçamento e pouca tecnologia, tão pouca que mal se podia iluminar. Me refiro, em tom de brincadeira, ao cinema noir.

Outro exemplo é o mestre Chaplin. Continua genial, e qual era a "super-tecnologia"?

Mas vejam bem, não sou contra a tecnologia, só acho que ela não torna um filme bom ou ruim. E no filme que comento aqui, se se tirar a tecnologia e o marketing, sobra só a música, que também não é das melhores, mas diverte. E música também não faz cinema, complementa.. Logo, Star Wars é um filme vazio.

Porém, o que ninguém poderia esperar é que ele representasse o mundo de uma maneira tão brilhante e ressalto: inconsciente. Inconsciente porque tenho certeza que Geroge Lucas não tinha a menor intenção de mostrar o mundo como tentarei demonstrá-lo, brevemente, logo a seguir.

O mundo que descreverei não está por detrás do filme, está no filme. O que mostrarei é a essência, e o que fica do filme, para a maioria, é a aparência; porém as duas estão intrincadas, e não sobrepostas.

Por fim, vamos ao que interessa: existe uma teoria que diz que a taxa de lucro, desde que existe lucro (o que nos remete ao ínicio do século XIX), tende a cair. Isso se aplica ao mundo capitalista, pois é onde existe lucro. A teoria é bastante razoável e não vem ao caso discuti-la.

Tomado tal príncipio, significa dizer que o mundo tende a uma crise, pois se a taxa de lucro declina as empresas reagem, aumenta-se o desemprego entre outras coisas. Enfim, tem-se uma crise.

A saída para esse mundo caótico - chamo de caótico um mundo com lucro declinante, ou seja, "mercados enfurecidos", "inflação descontrolada", "desemprego maciço" - são as ditaduras e as guerras. Principalmente quando combinadas.

Agora vale uma explicação: não é nada genial, é simplesmente óvbio que as guerras destroem as coisas, as construções, as pessoas, as riquezas, e obriga a humanidade a reconstruir tudo. A ditadura facilita que se entre e se mantenha em guerra. C'est-à-dire: as guerras são como uma máquina do tempo que só leva ao passado. Após uma guerra, as sociedades envolvidas regressam a um estágio inferior ao que estavam imediatamente antes dela e, dessa forma, voltam a conviver com taxas de lucro menos próximas de zero e, assim sendo, o mundo torna-se menos caótico, apesar de destruído e banhado a sangue.

É exatamente por isso que Star Wars é genial. Ou seja, por ser uma grande alegoria da nossa sociedade capitalista. E não me acusem de comunista ou socialista, ou anti-capitalista, pois estarão se auto-acusando de cegos. Afinal, só quem vive no completo breu para negar as duas guerras mundiais, a guerra fria - que se não destruiu, pelo menos obrigava a produzir mais - a guerra do Vietnã, da Coréia, as duas do Iraque, a guerra das Malvinas, dos Balcãs, da Argélia, dos seis dias, entre tantas outras que contabilizam, pelo menos, 65 grandes guerras desde o ano de 1800.

Isso tudo torna-se ainda mais interessante ao pensarmos nos EUA como o motor da economia mundial - o que é difícil negar -, pois, sendo assim, o resultado de um corte total nos gastos militares de tal país (que foi de U$529 bilhões em 2006) representaria, provavelmente, o colapso da economia mundial. Tal fato significa simplesmente que a guerra é necessária na sociedade em que vivemos. Sem ela temos o caos.

Temos, pois, que Star Wars nada mais é do que nós. Aquele mundo que só vive de guerra é o nosso. O maniqueísmo de George Lucas ao dividir o mundo entre "o bem e o mal" é nosso também e, principalmente, da grande potência hegemônica, ou seja, os EUA. Mas não porque o mundo esteja realmante dividido entre bonzinhos e mauzinhos, mas porque sua essência é a necessidade de guerras e o maniqueísmo a justificativa para tal. Todavia, seria muito melhor se nossas guerras também fossem interestelares, assim gastaríamos muito mais com as guerras, teríamos uma taxa de lucro muito mais elevada, o caos econômico seria muito menor, e a destruição seria mais diluída no espaço, ou seja, seria quase perfeito!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Arrivederci!

Morre (06/09/2007) Luciano Pavarotti.
Dia de luto neste blog.