sábado, 8 de dezembro de 2007

Café da tarde

Aquela mesa de verdades
Com sábios bules
Xícaras honestas
Colheres, facas e garfos
Fiéis serviçais de tantos anos
Dá abrigo cegamente
Aos pãezinhos inocentes
À manteiga incapaz de fazer mal
Ao chá de boa índole
Ao café de família tradicional
Ao leite sem antecedentes criminais.

Babel de muitas frutas
Todas de boa reputação
Exceto pela maçã
Procurada internacionalmente
Por transgressão delinqüente
E seqüestro de ventre
(Ela é ilha comunista)

Uma vila camponesa
De profissionais liberais
Da broa perfumada
Que se entrega fácil
Do sagrado mel
Que nos cura de tudo
Da goiabada chorosa
Longe de seu queijo protetor

Há outros moradores
Todos bem apessoados
Como a torta de morango
A mais direita que conheço
O doce de leite criança
Com sotaque moroso
Ou o bolinho de coco
Seduzindo muitas bocas

Latino

Menção honrosa
Para a avó mafiosa
Cabeça pensante

Desta violenta operação

3 comentários:

Laura C. disse...

Ótimo poema. Bastante intrigante, na verdade. Gostei. E acho que vou precisar ler ainda algumas vezes para ter certeza se entendi bem, mas realmente gostei!

Dom Diego disse...

Eu também gostei.
Não deve ser tão intrigante assim. Se for, eu também preciso ler mais algumas vezes para ter certeza do meu entendimento.

Cecil disse...

Que maravilha... uma canção inusitada aos sabores inocentes. Lembra-me aquela receita de feijoada de Vinicius de Moraes, mas com a enorme diferença: aqui há uma certa personificação nobre dos alimentos... pareceu-me um quadro do século 19, uma pintura a óleo sobre os eventos de uma tarde burguesa... com a graça que aqui a burguesia será devorada!! Hehehe... saúde!