terça-feira, 6 de maio de 2008

Romantismo Original


Meus três mil pensamentos
estão equilibrados;
sobre nem tão firme
pedra,
acimentados.

As minhas tantas
visitas noturnas
a eles me oferecem
maçãs,
revolucionárias
guerrilheiras de cada vontade
de ser.

E cada vantagem
que ganho
em não morder
da fruta fresca a sincera
polpa
significa me afastar
dos versos do Éden
- que se vivi,
em outra vida
foi que os escrevi.

Rezo, porém,
da noite o refletir confuso
que chama ao sono,
que das minhas mãos vazias
de outras mãos
queria eu me fazer
sentir plena
- tendo nelas
recipiente calmo
em que coubessem
as três mil cabeças
que me pensam
três mil devaneios.

Talvez essa fosse
a face tua
que se me oculta,
desconhecido futuro,
da efetivação do rito
de crenças imemoráveis.

E quando em ti
eu possuir a quem
dar-te
aquele vermelho
maçã doce
prazer!,
só para ti
ei de cantar
as três mil viagens
que não pude sonhar só

- São três mil segredos,
que não sei a quem contar,
não fosse a ti,
incógnita,
que no sem razão
de gênese
talvez um dia
te farás revelar.

2 comentários:

Cecil disse...

Parece algo de Omar Khayyam... sensual e suavemente místico. Maçãs revolucionárias, guerrilheiras... bela imagem.

Laura C. disse...

Obrigada, Cecília! O que seria deste blog sem os seus sempre bem vindos comentários?

Faz tempo que escrevi esse poema. Não sei, de repente me deu vontade de postá-lo, e eu nem sabia me dizer se o achava bom ou ruim. Ma se tem uma bela imagem, então em alguma coisa ele já vale a pena.

Omar Khayymam... Não conheço, vou procurar. Afinal, outro dia seu comentário me fez querer ouvir Beatles depois de longa abstinência, agora me apresenta uma coisa nova!

Obrigada!