segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Odes à mãe ausente

Estas são as últimas. Prometo.



VII

É a língua de Camões a mais bonita,
Mas não por ser a língua de Camões,
Nem por ter sido amante de Pessoa.

Não por seu sangue latino escarlate,
Por seu passado de glórias marítimas,
Suas conquistas e suas tragédias.

Não por tantos amores impossíveis
Ou por tantos amores desgraçados
Que digo ser a mais bela entre todas.

Não a amo, no entanto, por ser tão bela.
Com ela é que posso sentir saudade
E só com ela, por isto bela, amo.


VIII

Em toda partida no porto
Aquele que segue e aquele que fica
– Sempre aos pares são os que partem –
Na despedida, a dor, com sal expurgam.

Não chores, minha amada mãe,
Por teu filho que fica, mas que parte.
Não temas pelo cais do porto
Pois em todo adeus, Deus está presente

Um comentário:

Laura C. disse...

Gostei das odes, realmente elas mereciam ser publicadas. Primeiro no blog, quem sabe depois em um livro?

Já pensou que poderíamos publicar um livro do Arautos?

Se teríamos público?

Bem, agora que acabo de visitar nosso "sítio" virtual, vejo que ele recebeu outros visitantes 3332 vezes! Claro que em boa parte das visitas quem deu as caras fui eu mesma, para ver se aparecia alguém para me fazer comapania nos nossos catastróficos pique-niques.

Achei que ninguém viria. Mas "os números não mentem" (olha só que clichê útil, ein?): os interlocutores das nossas nem tão boas novas são, de fato, silenciosos! ...