segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O olhar de Orfeu

Então eu finjo que os seus olhos não me dizem nada

E você esquece as palpitações que sente.

Vamos também ignorar suas borboletas abdominais

E sua mudança de expressão quando me vê.

Não quero saber o que não me disse,

Mas morre de vontade de dizer.

Faça somente o que precisa

Sem o beijo que quer dar.

Fuja da vertigem.

Mas lembre-se: Orfeu sempre olha pra trás.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
Clarice Lispector

JJ disse...

Normalmente, não responderia a um comentário anônimo. Mas este aqui foi fatal. Uma punhalada com faca "Clarice Lispector". Ganhou minha simpatia.

A vida é cheia de ações e não-ações. Ambas podem pesar dolorosamente na alma. Mas acho que as não-ações são piores, porque despertam o "e se...?", que é a ausência perpétua. É a nossa própria imaginação nos torturando, porque não mais nos obedece. Fica a serviço de nossa vontade. E infelizmente, não conheço muitos remédios para isso. A alma só deve encontrar sossego quando o "e se...?" deixar de sê-lo. Mas lembre-se: Orfeu sempre olha pra trás (risos).

Obrigado e volte sempre.

Anônimo disse...

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."

William Shakespeare