quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Cantiga (com ressalvas) de ano novo

Novo ano é vaga que vem
Em borbulhas vem sonhando
Livre e solto no mar brando
Com a vida que não tem.
– Ide logo! Desta água aproveitai!
– Ide logo! Rumo à vaga que esvai!

Novo ano faz primavera
Das flores e cheiros tantos
Dos risos, festas e cantos
Das noites sem fim, quem dera...
– Apressai-vos! O degelo começa!
– Apressai-vos! Pelos prados, depressa!

Novo ano é potro selvagem
Belo corcel indomável
Coiceando – formidável!
Ditadores da pastagem.
– Cuidado! Não vades tentar domá-lo!
– Cuidado! Não sois o amo do cavalo!

Novo ano é céu de mistério
De regentes e ascendentes
Dos planetas complacentes
Com berçário e cemitério.
– Preparai-vos! Marte vai pra Plutão!
– Preparai-vos! Lá vem o escorpião!

Novo ano é chuva que cai
De altas nuvens de algodão
Expurgando almas do chão
Graças, em nome do Pai.
– Perdoar não está no imperativo!
– Perdoar não é verbo compulsivo!

Novo ano de ano não passa
Como o velho assim também
Muitos anos, nada além
E a vida? Que sem graça!
– Vivei! Todo ano tem a mesma idade!
– Vivei! Pois viver é continuidade!

Um comentário:

Priscila Lopes disse...

Muito bom, DIego! Gostei do que li até aqui, sigo adiante...

Apareça no CINCO ESPINHOS, blog de "críticas literárias" em forma de literatura. Toda semana garimpamos a internet à procura do texto que valha a pena de um autor desconhecido.

Comente. Participe. Vote em nossas enquetes.

Ajude-nos a fomentar o debate sobre literatura dita "contemporânea".

http://cincoespinhos.blogspot.com/

Estamos também no site Café&Revista, com o blog GARIMPO LITERÁRIO, no qual alternamos textos de famosos com "desconhecidos", incluindo os nossos.

http://www.cafeerevista.com.br/blog.php?id=62

Obrigada!